Você já parou para pensar quanta coisa coloca no lixo mesmo sem precisar? Reutilizar o material escolar pode ser uma grande sacada para economizar. É o que faz a manicure Cleonice Iensse, 39 anos. Ela ensina o filho João Vitor Fogaça, de 14 anos, que vai entrar no 1º ano do Ensino Médio a reaproveitar os materiais que ainda estão em bom estado. Na última semana, Cleonice e João Vitor receberam a equipe do Diário para mostrar o processo que eles fazem todo o início de ano.
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Essa matéria faz parte de uma reportagem especial sobre a compra de material escolar. Confira uma pesquisa de preço com 60 itens em cinco lojas da cidade.
Moradora de uma simpática casa cercada pelos morros de Itaara, a mãe explica que a prática de reutilizar materiais que já foram usados vem de família e já virou praticamente tradição dentro de casa. Antes do ano letivo começar, ela e o filho inspecionam como estão os produtos que foram utilizados nos últimos anos. Após o fim da revista, eles decidem o que será reaproveitado e o que será jogado no lixo.
- Eu aprendi isso com a minha mãe. Fomos criados em uma família de sete irmãos, então, não tinha outra forma. Como a renda familiar era pouca, passávamos os materiais de um para o outro. Desde que o João nasceu, tento passar isso para ele também - explica.
A prática, segundo ela, deve fazer com que a família economize cerca de R$ 200 na hora de comprar o material deste ano.
- É uma questão de economia isso o que a gente faz. Mas também eu acho que não tem porque não reutilizar um material que está praticamente novo, que está bom. O que eu sempre digo para ele é que o mais importante está dentro do caderno e não fora dele - destaca a manicure.
Foto: Gabriel Hasbaert (Diário)
Mãe e filho reaproveitam quase tudo. Lado a lado na mesa, Cleonice e João, cuidadosamente, inspecionam os materiais que foram utilizados em 2018 - a começar pelo caderno. Folha por folha, tudo é checado. As que estão limpas ficam, já as que estão rasuradas são arrancadas. Depois de tirar as barbichas que ficam nas espirais, João Vitor escolhe a sua capa preferida entre os vários cadernos que estão guardados em casa. Em poucos minutos, com a ajuda do filho, Cleonice troca a capa e pronto. Ao menos R$ 10 reais foram economizados em 5 minutos.
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Depois, é hora de revisar as tintas para a aula de artes. Como alguns potes ficam sem utilização durante meses, muitas ficam ressecadas, e, consequentemente, sem utilidade. Cleonice explica que, como as tintas guache são feitas à base de água, é só pingar algumas gotas dentro do pote, mexer, e pronto! A tinta volta a ser líquida. Mais dinheiro economizado.
Atento aos movimentos ágeis da mãe, João Vitor presta atenção nos mínimos detalhes. Para o jovem, o reaproveitamento dos materiais é importante, tanto para a família que pode economizar, quanto para o meio ambiente.
- Tem coisas que eu tenho há muitos anos. Se estão boas, porque não usar de novo? É um gasto a menos, né?
DIALOGAR É O MELHOR CAMINHO
Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
A pequena Paola, 8 anos, com a cesta cheia de produtos que ela e a mãe escolheram
Quem nunca foi a alguma loja e encontrou uma criança chateada porque os pais não lhe deram um determinado produto? Agora, some essa indignação a um universo atrativo, colorido e com muitas opções. Realmente, a hora de comprar o material escolar não é nada fácil para alguns pais. O desejo dos pequenos é sempre pelo material mais bonito, atrativo e vibrante. O problema é que a vontade deles, muitas vezes, não condiz com o orçamento que foi estipulado.
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A partir daí, cria-se um conflito: fazer a vontade da criança ou segurar os gastos? Para a psicóloga Leonor Erberich, a melhor forma de mediar a situação é conversar e explicar à criança o real motivo da compra.
- Produtos infantis costumam existir em várias faixas de preços, desde os mais econômicos até aqueles com valores exorbitantes, visto que os produtos voltados para o consumo infantil recebem grande publicidade e estão sempre buscando capturar o olhar e o desejo das crianças. É importante que o adulto responsável reconheça o seu limite de gastos para, assim, poder comunicá-lo claramente à criança - explica a psicóloga.
É justamente o que faz a auxiliar de cozinha Luana Rodrigues, 30 anos. Na tarde de quinta-feira, ela comprava o material escolar com a filha, Paola Rodrigues Moraes, 8 anos, que vai para o 4º ano do Ensino Fundamental. Acompanhando a filhacom a cesta repleta de cadernos e lápis de cor, Luana explica que sempre conversa com ela antes encarar as compras.
- Ela é muito tranquila em relação a isso, sempre me pergunta antes de pegar alguma coisa. Acho que o caminho é conversar e chegar a um consenso sobre as coisas. Sempre se consegue, né? No momento, estou procurando economia e preços atrativos -afirma Luana.
A psicóloga Leonor explica que o diálogo é a melhor solução para possíveis conflitos e ressalta que as crianças devem ser ouvidas em um processo colaborativo.
- É construtivo que elas (crianças) sejam ouvidas e façam parte das decisões que lhes dizem respeito; desde que fique claro que a decisão final é do adulto, pois é ele o responsável pela gestão financeira familiar em todos os aspectos - explica.